SOBRE CD - Futuro Primitivo Em 1995, depois de participar do projeto Banco do Brasil Musical acompanhando Ulisses Rocha, fui convidado pelo meu amigo André Geraissati, diretor musical do projeto, para fazer um trabalho de percussão solo para o próximo ano. Conversando com ele, disse que queria fazer algo totalmente diferente do convencional, maluco. Falei pra ele do Suba (Mitar Subotic) e ele abraçou totalmente a idéia. Nessa época, eu, Suba e mais um grupo de amigos éramos sócios num home estúdio e começamos a trabalhar. A idéia era gravar os instrumentos de percussão e reprocessar os timbres, criando bases para depois tocar sobre elas ao vivo enquanto Suba, da mesa de som, reprocessava o que eu estava tocando ao vivo e mesclava com efeitos sonoros. Daí em diante comecei a compor essa bases como peças de diferentes tessituras e ritmos, uma com tumbadouras, uma com bacias de metal, uma especial pra timba e assim por diante. Depois me juntava com Suba e processávamos o material criando novas texturas, transformando grooves de conga em melodias, berimbaus em linhas de baixo, deixando o material acústico com cara de eletrônico e descobrindo novos timbres. Destas trezes peças, escolhemos sete, ensaiamos muito e levamos toda a parafernália para o CCBB no Rio de Janeiro. No palco só eu, um monte de instrumentos de percussão e um radio de pilha sintonizado na Hora do Brasil, que microfonamos, filtramos e ficou de fundo sonoro. Da mesa de som, Suba disparava as bases no Adat e jogava efeitos no que eu tocava ao vivo. O público que tinha ido ver um show de música instrumental, ficou meio sem saber o que tinha acontecido no começo, mas depois até curtiu. No ano seguinte participamos da 1° turnê Universitária do CCBB musical viajando pelo Nordeste e interior de São Paulo dividindo o palco com André Geraissati e com o mago Hermeto Paschoal. Foi uma experiência incrível! Essas sete músicas saíram no disco Instrumental no CCBB - Oswaldinho do Acordeon e João Parahyba, pois cada disco da série tinha o registro do show de dois artistas diferentes. Depois disso, três dessas músicas saíram no disco Tributo Suba com o nome de Futuro Primitivo. Agora pela primeira vez tenho a oportunidade de lançar o trabalho completo, as sete faixas gravadas ao vivo e as seis bases inéditas, o que dá uma perspectiva muito interessante do nosso processo de trabalho. A própria capa representa isso, pois é uma foto minha tirada por Suba de um monitor de video. Muito do que apreendemos e fizemos nesse disco, foi usado depois em outros trabalhos tanto por mim como por Suba. Ofereci o disco a alguns sêlos e gravadoras mais ninguém mostrou interesse e com sua morte prematura em 1999 e com a minha volta ao Trio Mocotó em 2000, o disco acabou ficando de lado. Sem dúvida é um dos trabalhos mais significativos dentro da minha parceria com Suba. Agora esta obra está aqui na distribuidora ONErpm para o mundo! 01 de Fevereiro de 2011 João Parahyba